segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Afago em despedida

Ah! Eu tenho que voltar
porque és a minha casa
meu mais que bem-estar

Ah! Eu não posso lá ficar
porque dentre tantos homens
és o único que me faz amar

amar a vida que em dias me desapego
e que dela ainda quero prolongar
nesse mato falhado que é tão meu

meu amigo, que deixo por aí
por aqui nos meus afagos
no peito, no canto

domingo, 27 de dezembro de 2009

Coleção dos outros e algumas outras

Eu me deito em outras camas
e às vezes rejeito minha dama


O meu esposo nem imagina
que abandono a casa e escorrego com outras meninas


Trago para cá perfume de mulheres.
Banho-me antes que ela largue os talheres


Minha senhora tem o fruto mais gostoso,
por isso, divide com Sr. Cabral e Sr. Veloso


Escondido em minhas vestes o carimbo da prostituta.
O que dizer ao meu amor antes que ela se assuste?


Pela manhã penetrei aquela de saia.
À noite, dormi com rapazes na praia


Escolhi uma donzela, pois, sinto falta do gomo novo.
Que me perdoe aquela santa, que só serve para os bolos


Cheguei na madrugada tarde por demais
não houve mulheres, apenas um rapaz


Sai de casa como um homem
para recompensar a noite de ontem


Dentre as mulheres sou a de diferentes hábitos
permito que todas beijem meus quatro lábios


Tomo todos que desejo pelo verso
pode ser fêmea ou um gostoso perverso

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Paciência, meu rapaz

Ô meu Deus, eu não sei
porque esse título ganhei
Se tudo isso também é meu
por que neste canto me concedeu?

Peço que me demita, ó Pai
deste nome que a canção influenciou
e me sopre para o destino da história
onde o povo e o som fizeram memória

Onde o calor que passa é maior
e o carnaval, sem dúvida, é melhor
onde os passos de dança são raízes
e tú, Senhor, tem os braços abertos e seduz

Mas se para lá, ó Pai, não me fantasia
carrega-me então para onde o sol tem vergonha
e as folhas com chuva ensaiam ritos dançantes
no lar onde o frio acompanha o vinho de Borgonha

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Embora, embora

Retornou
e numa manhã de Terça me carregou para o Rio
me fazendo ver o que o Brasil não viu

Peixes na escada, dupla de samba e o preto véio que pouco enxerga na calçada

Os trapos fortes cores, num vermelho azul
com branco gesso de fundo em flores, tão...

Me buscou
nesse verde pacato que me vejo na vida
que não cansa de segurar e fazer ficar

num canto preso de martelo ao peito
vendo o Rio tão ali, de mundo inteiro

embora, embora
me carrega daqui

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Letícia

Teus olhos me convidam
a experimentar a fruta nova que desconheço

Tua boca me peca no céu
e excluiu esses rapazes que já presenciei

Tua seda negra são valsas
que me iludem no requinte do apreço

Tua obra em corpo
me põe em dúvida os líquidos que já tomei

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Egoísta

Eu de viver os eróticos em estampas
Eu de tocar as mãos dos filhos sem pais
Eu que sou das santas
dos desviados por demais

Eu de chorar os véus de mulheres cristãs
Eu de tomar o fino final mesmo em pé
Eu que sou das pagãs
e me entusiasma o candomblé

Eu de querer os homens e amar as mulheres
mesmo que desfiadas em menosprezos de séries
Eu que em dias me amo
e nem pareço ter esses anos

Eu, tão eu que não quero
Eu, em virtude de diversos
de versos
que são eu

Eu de desejar o preto da eternidade
Eu de buscar o acesso a claridade
Eu que sou dos alternos
dos gargalhos deste inferno

Eu, tão eu que me quero
Eu, no encontro dos meus
diversos
que são eu

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Resposta para um Amigo

Uma vez um amigo me questionou
o porquê da minha preocupação
Disse a ele que o amava
e o carregava no coração

Aqueles que amamos,
do nosso corpo se tornam extensão
Portanto aquilo que os fere,
ferimentos nos trarão.

Luiz Henrique de Jesus Alves

Estes versos não são de minha autoria,
mas os tomo por exatidão de pertença.