quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Acampamento urbano

O arroz até cai em companhia. O menino, despenteado, se ajeita para engolir a marmita. A mãe está nos devaneios do voraz consumo que se propõe - como quem descobre um parque de diversões (ou uma fábrica de chocolate). Ela, prestativa aos anseios, chegou cedo. Fez dali, sua casa. Mais a frente, os parceiros de mão, de mãe, de papo, de trapo, de fato. Cansados, aguardam a oportunidade - que geralmente vem nesta época de estoque velho - sentados. A que não tem marido passa a pensar no ferro de passar à R$ 19,90. A mãe velha trocará a TV velha pela TV gigante (não tenho noções de polegadas). A senhora de braços à tanque não via hora de lavar na máquina de lavar. E tem aqueles que procuram um novo som de batidão, de penteadeira, de fogão, de lava-louças, de panela de pressão. O garotão, na fila, só quer acesso ao unviverso virtual. Seu irmãozinho, um brinquedinho anormal. Mas tem o pai, não desses todos, mas de uns que nem ele sabe. Tá ali, querendo apenas aproveitar o gosto de gastar. Depois desses tantos, e no meio das prestações, todo mundo dá um jeito de engolir a marmita.

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