segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Figuras trocadas

Vou num tom, mas volto sem a menor harmonia. Se por aí estou, até sou, mas para o lado de cá, não existo. Ao redor deles, sorrio e rogo às horas para lentos passos, pois quero ficar. Que me perdoe os meus, mas não há felicidade por aqui e nem ali, apenas lá. Sinto-me perdido como as gotas de chuva que em primeira viagem desconhecem a macia terra e, junta dela, minhas lágrimas. Devo ser um verme, desses que se apega e louva os seres humanos e, deles, o meu amor é maior. Por quê? Não entendo, apenas amo sem seleção de nomenclatura, apenas amo. Não existe pai, não houve mãe. Não sou da minha, não que eu não queira. Acontece. Aconteceu desde sempre. Agora é tão intenso, talvez pela semelhança incoerente, talvez pela inocência voraz e faminta por experiência vida. Até pode ser pelos olhos que não temem o encontro. Não sei. Não é esclarecedor o meu ato de apropriação de afetos e gestos e isso tortura. Cavalgo na fera cega, sem mapa, sem exatidão. Mas conforto as luzes internas excluindo os catálagos, as placas, as relações. No caminho cinza (ou preto e branco) encontro a árvore estarrecida e em lamentos. Com doses de confusão, choro. Derramo por saudade no colo de minha mãe e na seguência dos fatos, odeio. Por quê? Por que amo mais os que não são meus? Por quê?

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